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Transpirenaica - "Etxalar - Hondarríbia"

Dia 14 - "Etxalar - Hondarríbia" 56 Kms

Chegara finalmente o último dia desta grande aventura pirenaica.
Esta última etapa, a mais curta de todas, contemplava ainda assim, umas duras subidas até atingir Hondarríbia.
Pela manhã, o pessoal, como sempre, apresentou-se alegre e bem disposto na sala de "desayuno", para o último pequeno almoço em terras de "nuestros hermanos".
Fomos buscar as bikes à arrecadação onde tinham ficado e pela última vez, lubrificámos correntes, montámos alforges e demos um último olhar preventivo.
Saímos do Hotel e rumámos à povoação de Etxalar, onde demos início a uma muito dura subida ao Collado de Lizarreta, valendo-nos o espetacular entorno, com belas e únicas paisagens.
Parámos na Venta Yasola, no limite da fronteira espanhola e hidratámo-nos com um par de "aquarius" bem fresquinhas enquanto descansávamos um pouco.
Seguiu-se um bonito trilho sempre em subida até às proximidades do "Cumbre de Subizia", onde regalamos a vista com a fantástica paisagem sobre o Vallée d'Urrugne, já em território francês.
Aqui entrámos numa trialeira bem estafante, técnica e não ciclável, sempre em descida até à Venta de Zahar, onde acabámos por almoçar, numa pequena esplanada de mesas de pedra, junto a um pequeno ribeiro. Um momento relaxante, com a natureza no seu melhor.
Voltámos às bikes, para enfrentarmos a última grande dificuldade desta travessia, com um um bom par de duras subidas aos Collados de Ibardin e de Poiriers.
A partir daqui, tudo foi mais fácil e a Costa Atlântica estava já ao nosso alcance.
Entrámos em Irun por Biriatou e Behobia e fomos diretos à estação da RENFE para atempadamente comprarmos os bilhetes de regresso a Portugal.
O comboio tinha partida marcada para as 22h30. Já tinhamos os bilhetes comprados e ainda era cedo.
Fomos então terminar esta grande aventura, como mandam as regras, na bonita Praia de Hondarríbia.
A chegada foi emocionante. Para trás tinham ficado 15 dias de aventura, de companheirismo e de sã camaradagem.
Todos terminámos esta dura e bonita aventura. A amizade ficou mais enraizada e enriquecida, nas palavras do Carlos Pio, já em Portugal.
Conheci e partilhei grandes momentos, com novos amigos, onde o espírito aventureiro e a camaradagem ficaram bem vincados nesta travessia pirenaica.
Voltámos a Irun e fomos até uma estação de serviço lavar as bikes e a um supermercado comprar plástico e fita colante para as embalarmos.
Jantámos num bar junto à estação da RENFE e com papelão de várias caixas, gentilmente cedidas pela dona do bar, o plástico e a fita, fomos para a estação embalar as nossas sofridas bikes, até à hora de embarque.
Conseguir meter 4 bikes num pequeno compartimento com 4 camas de beliche, não foi tarefa fácil. Foi mesmo uma obra de engenharia.
Era condição essencial para as podermos transportar no comboio. Era o único sítio autorizado. E isto, porque partilhávamos os 4 um único compartimento.
A viagem foi longa e maioritáriamente a dormir, com uma ou outra ida ao bar.
Chegámos ao Entroncamento cerca das 09h, já no dia seguinte, onde a minha esposa e a do Carlos Pio nos foram buscar.
Os restantes companheiros, o Bruno Malheiro e o Didier Valente, seguiram para Lisboa.
Em jeito de resumo.
Foi uma aventura emocionante e uma travessia longa e bastante dura, como não poderia deixar de ser para quem se aventura pelas altas montanhas pirenaicas.
Paisagens fantásticas, partilhadas por longas cordilheiras montanhosas, algumas ainda tapadas com grandes "farrapos" de neve e cumes gelados. Grandes e pequenos lagos e tumultuosos rios de águas cristalinas, ou em lindas cores azul e turquesa. Longos vales encantadores, numa mescla de cores, onde os tons de verde, castanho e amarelo se conjugam na perfeição.
O ambiente selvagem da alta montanha com os seus verdes e altos prados a perder de vista, onde as vacas, os garranos e poneis vivem em estado semi-selvagem.
Os trilhos a rasgar montanhas, os adrenalínicos "senderos" e as singulares passagens de montanha. As pequenas povoações, práticamente abandonadas que pululam  pelos profundos vales, ou cravadas nas ladeiras montanhosas e peculiares elevações.
Tudo isto e muito mais, que não consigo descrever, ficarão para sempre na minha memória.
Talvez lá volte novamente. Quem sabe!!!
Finalizo com um grande abraço aos meus companheiros de aventura, com quem bastante aprendi e disfrutei.

Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC

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