Avançar para o conteúdo principal

Transpirenaica - El Pla de Sant Tirs - Llavorsi"

Dia 6 - "El Pla de Sant Tirs - Llavorsí" - 56 Kms

Seis dias de travessia pirenaica. Já estava ambientado à altitude, à manobralidade da bike com alforges e psicologicamente às longas e intermináveis subidas. Já deixara de pensar se esta acabaria a seguir àquela curva ou se ainda faltaria muito para passar o cume.
Por outro lado, os bonitos vales verdejantes, onde as vaquinhas, ou os garranos pastavam, ou ambos, as altas montanhas ainda com os cumes carregados de neve, os contrastes entre o azulado e os cinzentos das montanhas mais longínquas e o seu estranho e belo recortado, iam-me abstendo de pensar no que ainda faltava, dando-me ânimo e um estranho prazer em pedalar.
A paisagem, nalgumas passagens, era brutal fazendo-me sentir bem pequenino. Estava a adorar esta travessia, como adoro outras menos mediáticas, como adoro simplesmente andar de bicicleta. Apenas porque gosto e pronto!!!
Já fiz uma Transpirenaica por asfalto, também desde o Mediterrâneo ao Atlântico, por território francês.
Já pedalei pelos cumes mais emblemáticos do sul de França, locais de grandes façanhas ciclísticas, nomeadamente no Tour de France. Já conheço um pouco dos Pirinéus e ainda no passado ano por lá andei durante quatro dias, num dos percursos da Aramonbike, o Pirinèes Épic Trail.
Posto isto, concluí fácilmente que os pirinéus têm muito, mas muito para mostrar. Para quem gosta de bike e aventura, é deveras um paraíso, onde tudo está para descobrir e tudo quase descoberto. Ainda lá quero voltar, se para tal houver oportunidade e estas "velhas" perninhas não se negarem na altura.
Pelas 07h00 era quase sempre o toque de alvorada, ou de partida.
Tomámos o "desayuno", por acaso fraquinho relativamente às nossas necessidades, mas iriamos parar durante o trajeto para meter carbohidratos.
Saímos do Hostal Lloret e descemos à via principal que seguimos até Ribera de Urgellet, onde virámos à esquerda e, na Parróquia d'Hortó começámos a subir o Coll de Cantó.
Consoante íamos subindo íamos tendo uma maior panorâmica sobre  La Cerdanya.
Passámos por Avellanet e Pallerols del Cantó e já em descida, fizemos um desvio à direita para darmos início à longa subida que concluiria vários coll's até às proximidades do Pic de l'Orri, no l'Alt Urgell.
Um kms após o desvio, passámos Canturri e subimos ao Coll de Leix, parando antes num local onde a água jorrava proveniente da montanha, ao jeito de fonte "amanhada" onde enchemos os bidons e descansámos um pouco.
Continuámos a subir, agora ao Coll de San Joan de l'Erm, com nova paragem junto à bonita e peculiar ermida.
Alguns kms mais à frente, estávamos no Refúgio de La Basseta, onde parámos no Bar - Restaurante Serveis, e nos "mandámos" a uns estupendos "bocadilhos de lomo com pan de tomate" acompanhados com "unas cervezas", para mim e para o Carlos. O Did e o Bruno, andavam encantados com as "Aquarius".
Continuámos a subir e passámos pelas ruínas da velha ermida de San Joan de l'Erm e contornámos o Pic de l'Orri, com algum sobe e desce e um duro par de rampas.
Seguiram-se 27 adrenalínicos kms de descida até Llavorsi, com passagem por Pla de Sam Pere.
Estes últimos kms, ladeando o Rio Noguera - Pallaresa, um rio de águas bravas e onde habitualmente se pratica rafting.
Tinhamos chegado ao final desta etapa. Procurámos alojamento, começando pelo camping Aigues Braves, onde nos foi mostrado um bungalow bastante exíguo e caro.
Acabámos por ficar no hotel junto ao Rio Noguera - Pallaresa e com quarto virado ao rio. Bonito e algo barulhento, fruto da forte corrente do rio, como se de música de fundo se tratasse.
Comemos bem e fomos simpáticamente bem recebidos nesta bonita povoação, um pequeno município da Província de Lérida e um dos principais centros de desporto dos pirinéus.
Para o dia seguinte, esperava-nos outra dura etapa que nos levaria a um peculiar lugarejo chamado Oveix.


Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos,
ou fora deles.
AC

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Passeio de Mota pela Galiza"

Mesmo com a meteorologia a contrariar aquilo que poderia ser uma bela viagem à sempre verdejante Galiza, 9 amigos com o gosto lúdico de andar de mota não se demoveram e avançaram para esta bonita aventura por terras "galegas" Com o ponto de inicio no "escritório" do João Nuno para a dose cafeínica da manhã marcada para as 6 horas da manhã, a malta lá foi chegando. Depois dos cumprimentos da praxe e do cafezinho tomado foi hora de partir rumo a Vila Nova de Cerveira, o final deste primeiro dia de aventura. O dia prometia aguentar-se sem chuva e a Guarda foi a primeira cidade que nos viu passar. Sempre em andamento moderado, a nossa pequena caravana lá ia devorando kms por bonitas estradas, algumas com bonitas panorâmicas. Cruzamos imensas aldeias, vilas e cidades, destacando Trancoso, Moimenta da Beira, Armamar, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Parada de Cunhos, Mondim Basto e cabeceiras de Basto, onde paramos para almoçar uma bela &quo

"Rota do Volfrâmio <> Antevisão"

A convite do meu amigo Nuno Diaz, desloquei-me no passado sábado à bonita Praia Fluvial de Janeiro de Baixo para marcar um percurso em gps a que chamou "A Rota do Volfrâmio". É um percurso circular inserido em paisagens de extrema beleza e percorrido em trilhos diversificados maioritáriamente ladeando a Ribeira de Bogas e o Rio Zêzere em single tracks de cortar a respiração. Soberbo!!! Como combinado, pelas 07h passei pela Carapalha, onde mora o Nuno, para partirmos na minha "jipose" em direcção à Aldeia de Janeiro de Baixo. Parámos ainda no Orvalho para bebermos o cafézinho matinal e pouco depois lá estávamos nós a estacionar a "jipose" no parque da bonita Praia Fluvial de Janeiro de Baixo. Depois de descarregar as bikes e prepararmos o material, lá abalámos calmamente em amena cavaqueira, guiados pelo mapa topográfico rudimentarmente colocado no "cockpit" da bike do Nuno, pois parte do percurso também era desconhecido para ele, pelo menos a pe

"Passeio de Mota à Serra da Lousã"

"Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela." (Albert Einstein) Dia apetecível para andar de mota, com algum vento trapalhão durante a manhã, mas que em nada beliscou este esplêndido dia de passeio co amigos. Com concentração marcada para as 08h30 na Padaria do Montalvão, apareceram o José Correia, Rafa Riscado, Carlos Marques e Paulo Santos. Depois do cafezinho tomado acompanhado de dois dedos de conversa, fizemo-nos à estrada, rumo a Pampilhosa da Serra, onde estava programada a primeira paragem. Estacionamos as motas no estacionamento do Pavilhão Municipal e demos um pequeno giro pelo Jardim da Praça do Regionalismo e Praia Fluvial, indo depois comer algo à pastelaria padaria no beco defronte do jardim Abandonamos aquela bonita vila, não sem antes efetuarmos uma pequena paragem no Miradouro do Calvário, com uma ampla visão sobre aquela vila tipicamente serra, cruzada pel